Entenda como tratamentos de Reprodução Humana Assistida, como a Fertilização in Vitro, podem ser uma esperança que pessoas LGBTQIAPN+ possam formar uma família
Os tratamentos de Reprodução Humana Assistida têm sido desenvolvidos e aperfeiçoados cada vez mais ao longo dos anos. Entre eles, a Fertilização in Vitro (FIV) é uma das mais bem-sucedidas metodologias para ajudar casais que têm dificuldade de engravidar por métodos naturais.
A FIV foi desenvolvida nos anos 1970 no Reino Unido, tendo chegado ao Brasil na década seguinte. Os aperfeiçoamentos ao longo dos anos possibilitaram ao tratamento atingir taxas de sucesso que podem chegar a 60%. Além de ser uma boa opção para casais heterossexuais cisgêneros contornarem o problema da infertilidade, também é possível a realização de Fertilização in Vitro para pessoas LGBTQIAPN+, como um caminho para realizar o sonho de formar uma família.
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Tratamento de Fertilização In Vitro (FIV) para pessoas LGBTQIAPN+
Muitas pessoas e casais pertencentes à comunidade LGBTQIAPN+ têm o sonho de formarem uma família. O problema é que, muitas vezes, se esbarram em limitações biológicas e sociais que os fazem desanimar de seguir em frente com a realização desse desejo. Sendo a FIV uma metodologia que permite a reprodução de pessoas com limitações para conseguir engravidar naturalmente, percebeu-se que o tratamento podia ser uma esperança para que as pessoas LGBTQIAPN+ pudessem realizar esse sonho.
Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) publicada em 2013 (Resolução nº 2.013/13) permitiu às clínicas e serviços de Reprodução Humana a realizarem as metodologias de Reprodução Assistida em casais homoafetivos no Brasil, consolidando de vez a Fertilização in Vitro para pessoas LGBTQIAPN+, bem como outros tratamentos, como possibilidades reais.
De modo geral, a Fertilização in Vitro para pessoas LGBTQIAPN+ segue os mesmos passos de qualquer tratamento de FIV, que tem as seguintes etapas:
- Estimulação e monitoramento da ovulação;
- Coleta dos óvulos e do sêmen, que contém os espermatozoides;
- Fertilização em ambiente laboratorial e controlado;
- Seleção dos embriões a serem transferidos para o útero;
- Transferência dos embriões clivados ou blastocistos para o útero.
A diferença da Fertilização in Vitro para pessoas LGBTQIAPN+, além do fato de, como dito, não se apresentar apenas como um tratamento contra a infertilidade, está nos detalhes da condução de suas etapas, que devem variar de acordo com a identificação de gênero e sexualidade de cada pessoa que busca o tratamento.
FIV para casais homoafetivos femininos
Os casais homoafetivos femininos podem optar por dois tratamentos diferentes de Reprodução Assistida: a inseminação intrauterina e a Fertilização in Vitro. Nesses casos, a FIV é a opção de tratamento mais recomendada, pois tem mais chances de ser bem-sucedida.
Como é realizado?
A FIV para casais homoafetivos femininos deve ser realizada, a princípio, da mesma forma que em todos os tratamentos de Fertilização in Vitro, para pessoas LGBTQIAPN+ e heterossexuais, levando em consideração as seguintes características:
- Idade da mulher;
- Qualidade dos gametas;
- Qualidade uterina;
- Presença de doenças e fatores de infertilidade.
A análise dessas características é importante para determinar qual mulher que faz parte do casal receberá a estimulação ovariana e qual irá gestar a criança. Em alguns casos, a mesma mulher pode receber a estimulação e a transferência de embriões, em outros, a parceira da doadora do óvulo recebe os embriões transferidos. Caso os resultados sejam positivos para ambas, e se assim desejarem, pode ser possível inclusive uma gravidez compartilhada.
Os óvulos coletados são fertilizados no laboratório de Reprodução Humana com o sêmen de um doador anônimo. Também pode ser possível a utilização de óvulos de doadoras anônimas, caso haja necessidade.
Somos um casal homoafetivo feminino e queremos ter um filho!
FIV para casais homoafetivos masculinos
A Fertilização in Vitro para pessoas LGBTQIAPN+ também é uma opção de tratamento viável para casais homoafetivos masculinos que desejam formar uma família. Por ser um casal formado por dois homens cis, algumas particularidades no tratamento devem ser levadas em questão, como veremos a seguir.
Quando é indicado?
Todos os casais homoafetivos masculinos podem realizar o sonho de ter sua família por meio de tratamentos de Reprodução Humana Assistida como a FIV. Como nenhum dos membros do casal pode receber os embriões e gestar a criança, é importante que se encontre uma doadora de útero.
Como é realizado?
Nos casos de Fertilização in Vitro para pessoas LGBTQIAPN+ que sejam um casal homoafetivo masculino, o primeiro passo é encontrar uma doadora de útero. O útero de substituição, ou barriga solidária, deve ser uma mulher pertencente à família de um dos membros do casal, sendo uma parente de até quarto grau.
A mulher que gestará a criança deve passar por todos os exames e tratamentos para constatar a viabilidade da fertilização. O óvulo doado, por sua vez, pode ser proveniente de uma outra doadora anônima, ou ainda de uma parente de até quarto grau de um dos homens, sendo neste caso aquele que não utilizará seu sêmen para a fertilização.
Quando da utilização de óvulos de uma doadora anônima, o passo seguinte é escolher de qual dos dois homens será coletado o sêmen. Em muitos casos, ambos coletam o material, de modo que espermatozoides de ambos possam fecundar os óvulos e assim se obter embriões dos dois homens. Contudo, neste casos os embriões de cada origem serão transferidos separadamente, em momentos ou tentativas diferentes para que se possa saber a origem de cada gestação, uma vez que a rastreabilidade genética é exigida por motivos de saúde. Então, os óvulos são fertilizados, cultivados e depois transferidos para o útero da doadora.
Somos um casal gay e queremos ter um filho biológico!
FIV para casais transexuais
A Fertilização in Vitro para pessoas LGBTQIAPN+ também é possível aos casais transexuais. Aqui, no entanto, é importante levar em consideração as identidades sexuais e de gênero dos membros do casal, além de fatores já mencionados em relação à saúde dos gametas e do sistema reprodutor que vai receber os embriões.
Quando é indicado?
A Fertilização in Vitro para pessoas LGBTQIAPN+ é também indicada para todos os casais formados por uma ou duas pessoas que tenham identidade trans que queiram engravidar. Alguns casais trans, como os formados por um homem trans e uma mulher trans, podem engravidar de forma natural, sendo a FIV um apoio contra possíveis problemas de infertilidade e outras dificuldades para engravidar.
Já os casais em que um ou ambos os membros são pessoas trans, que não conseguem engravidar de forma natural, devem realizar a FIV seguindo lógicas semelhantes à Fertilização in Vitro para pessoas LGBTQIAPN+ realizada em casais cisgêneros homoafetivos.
Como funciona?
Os passos da Fertilização in Vitro para pessoas LGBTQIAPN+ que façam parte de casais com identidades trans devem seguir os seguintes critérios:
- Casais homoafetivos formados por dois homens trans podem seguir passos de tratamento da FIV semelhantes aos recomendados aos casais homoafetivos femininos cisgêneros. Caso nenhum dos dois queira gestar a criança, pode-se encontrar um útero de substituição. Os mesmos passos valem para os casais formados por um homem trans e uma mulher cis e casais homoafetivos formados por uma mulher cis e uma mulher trans;
- Casais homoafetivos formados por duas mulheres trans devem encontrar uma barriga de substituição e uma doadora de óvulos;
- Casais formados por uma mulher trans e um homem cis precisam do material genético de uma doadora, bem como uma barriga solidária.
Outro fator que deve ser levado em consideração antes da Fertilização in Vitro para casais transexuais é em relação aos gametas, que podem ser afetados pelo tratamento hormonal de transição de gênero. Por isso, recomenda-se que pessoas transexuais que desejam ter filhos congelem óvulos e sêmen antes do início do tratamento hormonal.
Para entender mais sobre a Fertilização in Vitro para pessoas LGBTQIAPN+, nos envie uma mensagem e agende sua consulta.
Somos um casal transexual e queremos ter um filho biológico!
Fontes: